terça-feira, 13 de novembro de 2007

Quem mais pensa como eu

Aqui, alguns depoimentos espontâneos de apoio ao Depto. José Genoino. Junte-se à nós e mande o seu também!

1. Mensagem ao José Genoíno.

Aqui quem te escreve é um poeta.
Um profeta dos Josés. Dos militantes da fé.
Um admirador do desabafo da sua filha Kayano.
Tivesse ela uma rima ,seria Humano.

A leitura do seu manifesto “Acreditar e vencer”,
prolonga em mim o verbo enaltecer.
Desperta em mim em relação a você o sentimento de bem querer.

As palavras bem juntadas por sua filha Miruna constituem um tesouro.
Em meu mundo recriado valem ouro.

Querido Genoíno na primavera aprecie as flores.
Fortaleça-te mais ainda através das lembranças de seus maiores momentos de amores.

Em teu coração conjugue durante a próxima estação apenas o verbo significado na palavra perdão.
Houve um monte das oliveiras, houve um monte dos marxismos.

Por todos os lados abismos.
À ilha de caras não fostes.

Os demônios que lá habitam, em seu momento de dor, a ti fotografaram no elevador.
Cultivaram, falsificaram e alimentaram as pedras para o seu calvário.

Na primavera recorde dos seus melhores momentos constituinte.
aso lhe enviem flores de plástico, conta até vinte.

Prepara o teu coração para uma nova estação. Sonhe com o verão.
Siga firme nos trilhos para uma nova nação.
Deixa que os demônios os profetas os enfrentarão.
Neste mundo de homens repartidos.

Não permita a estes demônios e seus truques geniais, a seu coração e sonhos prolongarem partidos.

Os profetas já relataram a sua inocência.
Nada importa este mundo e seus tribunais infernais.
Sabemos da tua enorme decência.

Aqueles cultivados nos seus melhores momentos de juventude e adolescência.
Pra suas dores, na primavera enviaremos flores dos campos.
Pra sua filha Kayano enviaremos verso sobrehumano.

Azeite, pra que ela aceite.
Aceitando as maravilhas que ela já escrevera em seu desabafo.
Pra que dúvida ela não tenha, em nenhum segundo sequer que vencerá este mar de injustiça humana.

Eu também trago um coração quase ferido. Por truques dolorido.
Os demônios que habitam as ilhas de caras e outras ilhas raras,
em reuniões com atas secretas, contra mim estabeleceram planos desumanos.

Tudo em vão. Pois de mim escutarão apenas as delícias e os mistérios contidos na palavra perdão.
Edificaram meu arsenal. A cada ataque infernal.

Fortaleceram a minha fé.
Em breve escreverei ao outro José.
Revelando a ele os mistérios contidos no desabafo de Miruna.
Desejando a ele ser forte como a madeira braúna.
Convidando a ele para leitura mais densa.
Revelando a ele que a lealdade compensa.
A lealdade que ele está a ter com Lula.

Pra você renovo os melhores votos de bravura.
A mesma bravura de Rocha.
Alegre-se guerrilheiro.
Pois dentro em breve estarás pronto a carregar a nossa tocha.
Mais forte e intensa. De fogo densa.

Para iluminar aqueles que acreditam que o crime compensa.
O fogo desta tocha arderá.
Cada mentira a ti impetrada, neste mundo alimentada,
nesta primavera será aniquilida.

Haverá um verão, um novo outono.
A mesma estação que agora acaba.
De Sevilha se avistará, toda a luz que da nossa tocha brilhará.

Acreditar é vencer.
Neste fim de inverno é tudo que eu quero te dizer.
Agradeça aos céus as dores de Kayano.
Pois as palavras dela nos brindam ao humano.
Diria o profeta ,ao divinamente humano.

Flores para ti quando a primavera chegar.
Tenho muitas alegrias a te desejar.
Este é o momento de redespertar.
Pra com verdadeiros amigos reunificar.

E um novo sonho de pátria sonhar.
Os vestígios deste sonho alcançar.

Um grande abraço Genuíno.
Perdoe se pareço um menino.
É que desde cedo aprendi a sonhar.

Graças aos sonhos, contigo consigo me solidarizar.
Mais que isso, se for preciso, com você estou disposto a me imolar.
Grande abraço e vamos juntos sonhar.


Temístocles Marcelos.

Inverno de 2007.


2. Discurso de Ibsen Pinheiro


Encantado, Quixeramobim, Ceará, e, porque não dizer, São Paulo,
ficaram maiores com o seu aparte ao discurso do deputado Ibsen, proferido
ôntem. Pouquíssimos são os que, mesmo possuindo dignidade, dão demonstração
tão flagrante, tão sincera dela, como foi demonstrado em sua intervenção.

Quixadaense com estágio de sete anos em Quixeramobim, anti-petista
convicto, mas confiante em sua dignidade, nunca o incluí em minha relação
de mensaleiros do PT e de outros partidos. Por isso, aguardo seu discurso de
retorno, que pelo que li não será muito breve, para que, assim como ocorreu
com o injustiçado Ibsen, as acusações feitas à sua pessoa também seja
claramente desfeitas.

Saudações cearenses.


Carlos Alberto Albuquerque Souza
Uberlândia - MG


3. Caro Genoino
,

Em primeiro lugar, quero lhe dizer que fiquei muito feliz com sua eleição.
Li seu livro e me emocionei muito, e gostaria que milhões de pessoas o lessem, por isso não canso de fazer indicações.

Quis falar com você à época mas não consegui. Hoje estou lhe escrevendo para cumprimentá-lo pelo belíssimo discurso proferido ontem na Câmara dos Deputados.
Essa Câmara precisa de parlamentares como você, e concordo plenamente que sua vocação política é o parlamento, e não nos prive mais da sua ausência aí.

Foi uma aula de filosofia profunda, onde com certeza, você exprimiu todo seu sentimento, sua indignação, e aliviou sua alma, ali na frente de alguns daqueles que foram implacáveis com você e outros companheiros.

Um grande abraço, da amiga e companheira

Stael Santana


4. Estimado Companheiro Genoino,

Imagino o teu sofrimento e de teus familiares nestes dias, tendo que enfrentar mais um linchamento da mídia por conta das decisões tomadas pelo STF. Quero apresentar-lhe minha integral solidariedade. Lembro-lhe apenas, que somente aqueles que abraçam uma causa de transformação social e por ela dedicam sua vida, podem passar por momentos dolorosos como este e sair deles com coragem para continuar a luta.

Não se deixe abater! Resista com a mesma bravura que vens demonstrando ao longo desse período de provações. Tenha certeza que ao final, a verdade prevalecerá. Conte sempre comigo.
Um forte abraço,

Deputado NILSON MOURÃO - PT/AC


5. Decisão do STF

Derramei lágrimas copiosas por ti, que só pensas no bem do Brasil e do seu sofrido povo. Estou convencido da tua absoluta inocência e acredito que, depois de Jesus Cristo, ninguém é tão justo e puro. Acredito mesmo que carregas apenas o "pecado original", isto por culpa de Adão e Eva, não tua. Se precisares, estou disposto a chorar mais um pouco.

Jaime Joao Mafra


6. Companheiro José Genoino,

Estou solidário com você. Fiquei estarrecido, nos útlimos dias, ao saber que o judiciário decidiu “com a faca no pescoço”. Este fato me deixa extremamente preocupado, pois a expectativa de todos nós é que os tribunais façam julgamentos livres de pressão, pois é isso que garante a imparcialidade e a possibilidade de se fazer justiça. Frases como “se eu tivesse que julgar hoje eu optaria pela inocência do acusado” reforçam a tese do julgamento sob pressão. É preciso quebrar esta ditadura que está se estabelecendo no Brasil.

Hoje, a cidadania está acuada, sem defesa. Em plena luta de classes, a mídia inverteu o conceito de que todos são inocentes até que se prove o contrário. O cidadão passou a ser culpado antes de qualquer comprovação efetiva. É exatamente isso que tem ocorrido com vários companheiros como você. Admiro a determinação e a coragem que caracterizam sua luta. Espero sinceramente que o julgamento seja efetivado a partir de provas consistentes e não em cima de pré-condenações estabelecidas pelo pré-conceito e pela pressão dos setorores interessados na destruição da pluralidade de pensamento e de opinião. Tenho certeza de que caso isso seja preservado, muitos companheiros terão sua inocência provada e serão absolvidos. Entre eles você.

Um abraço cordial,

José Lopez Feijóo
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.



7. À Miruna

Boa Tarde, espero que esse e-mail tenha o destino certo que é a filha do meu querido Genoino,

Estou parabenizando a filha do mais ilustre petista que pude conhecer, quando ele passou pela minha cidade pude perceber todas as qualidades que esse inclivel ser-humano tem que é a siceridade e sua honestidade,coisa que não podemos dizer dos jornalecos de direita deste país, por isso minha saudaçõa a vc, filha de Genoino. Tenha orgulho de seu pai: ele é sim muito humano e uma pessoal formidavel e quando soube que ele ganhou a eleições do ano passado até chorei na sala junto com minha esposa, pois sabia que tinha mais um brasileiro com mesmo sentimento que o meu - de amor e respeito a este ilustre cidadadão que é José Genoino

Um abraço e saudaçoes petista a todos

haaaaaa tava me esquecendo li sua cata e parabens.

Urias de Oliveira
Sec de formação politica do PT de Porto Feliz


8. Solidariedade ao Dep. companheiro Genoino

Estimado companheiro Genoino,

Temos acompanhado desde Madri, onde estamos buscando reconstruir o Núcleo do PT, todas as notícias que aparecem cotidianamente nas manchetes da grande mídia em letras propositalmente garrafais, e que, em sua maioria, buscam destruir o patrimônio político do nosso partido e linchar, com raivosidade formidável, figuras históricas da luta pela emancipaçao no Brasil, como você.

Assistimos com tristeza, e estarrecidos, essa prática nefasta de condenar liminarmente, de considerar culpado até que se prove o contrário.

Nesse sentido, lamentamos profundamente a decisao do Supremo Tribuna em aceitar a denúncia da Procuradoria da República contra sua pessoa, seguindo a lógica imposta pela mídia (mais do que nunca, golpista). Nao importava a falta de provas, nao importava sequer a fragilidade dos indícios. Era preciso confirmar a "sentença" já prolatada pela imprensa.

Entretanto, nao obstante esse cenário desolador, queríamos manifestar-lhe nossa solidariedade e, ao mesmo tempo, nosso desejo, nosso otimismo, nossa confiança...no normal seguimento da açao penal. Temos certeza de que a verdade e a justiça prevalecerao, assim como estamos certos de que a sua determinaçao, a sua coragem, o seu destemor, a sua força nao faltarao em nenhum momento do processo.

Sua vida foi tem sido sempre cheia de superaçoes. E também dessa vez, será assim.

Conte conosco. Nos empenharemos sempre em fazer a sua defesa aqui e desde aqui das terras ibéricas. Mantenha-nos informado.

Saudaçoes PTistas!

Um forte abraço do Núcleo do PT de Madri.

Luciano Reis Porto
Núcleo PT Madri


9. Caro companheiro Genoíno,

Venho expressar toda a minha solidariedade à você face a imputação ferozmente injusta à sua pessoa, contida na denúncia oferecida pelo Procurador Geral da República e aceita pelo STF, por se tratar de acusação que somente pode ser compreendida como um ato de luta das forças da velha ordem política contra um homem comprometido com o Governo Lula e com o que de melhor representa o anseio das mudanças pelas quais lutamos desde da fundação do PT, e diga-se, para registro, mudanças estas em favor das justas exigências do povo brasileiro, pelas quais você Genoíno já lutava antes mesmo do PT.

Conte comigo na sua defesa onde eu estiver

Força e serenidade, forte abraço

do Gerson Rozo


10. Olá


Olá Nobrão,

Estou escrevendo pra te dar meu apoio , dizer que estou do seu lado e que acho uma injustiça muito grande o que estão fazendo com vc .

Beijos.

Da amiga Mara



11. O PAI DE MIRUNA ( do blog do Mineiro)

Entre as dezenas de mensagens eletrônicas que recebo diariamente, me chega às mãos um texto de Miruna Kayano, enviado por João Bravin, um companheiro de São Paulo.
O texto é, na verdade , um depoimento (grito/lamento/desabafo) de Miruna sobre o momento/tormento que seu pai vive nos dias de hoje.

Conheço o pai de Miruna há quase trinta anos e mesmo antes já o sabia militante político de esquerda, profundamente comprometido com a luta por justiça, igualdade, liberdade, democracia.

Em todo este tempo, jamais ouvi de pessoa alguma qualquer referência de que o pai de Miruna se dedicasse às atividades políticas à luz de interesses particulares, em busca de vantagens pessoais.

Por sua conduta ética e repubicana, ele sempre foi, e é, uma de minhas referências quando o assunto é a relação dos agentes políticos com as coisas de estado. Independente das divergências que eu possa ter, e as tenho, com as posições políticas assumidas pelo pai de Miruna é, sobretudo, questão de justiça reconhecer que ele teve sua vida, desde ainda adolescente, vivida sob o signo da retidão e da defesa dos interesses da maioria do nosso povo.

Mentiria se afirmasse ter o privilégio de gozar da intimidade do pai de Miruna. Mas sei que sua família mora, há décadas, na mesma casa em um bairro de classe média média em São Paulo, assim como sei de seu padrão de vida e de sua austeridade no trato da coisa pública.

Pelo compromisso de vida do pai de Miruna (e de Mariana, que conheço desde pequena ) ele tem seu nome inscrito na rica e desafiadora HISTÓRIA contemporânea de nosso país.

Por isso mesmo também sofro, a meu modo, quando o vejo acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Minha indignação só não é maior porque tenho absoluta certeza de que, submetido a um julgamento justo, como espero que seja, o pai de Miruna provará a sua inocência.

O pai de Miruna é JOSÉ GENOINO NETO, um dos mais retos e dignos filhos do povo brasileiro que conheço


12. Carta à Miruna

Miruna,

Há dias recebi por e-mail o seu relato em relação à luta da sua família e de seu pai em virtude de processo no Supremo Tribunal Federal (STF), mas somente hoje (07/09) tive tempo para lê-lo. O e-mail foi enviado por um companheiro de partido.

Quero destacar pelo menos dois pontos da sua missiva: “E o que mais dói dentro de mim é que vou magoada com este meu Brasil, decepcionada com as pessoas, descrente com o que estamos criando por aqui...”. Eu como agente político, muitas vezes também sou acometido por sentimentos semelhantes. Já pensei muitas vezes em desistir e tocar a minha vida como qualquer cidadão comum, ‘fechando’ os meus olhos às injustiças sociais, etc., mas a minha consciência me cobra, e tenho certeza que eu não dormiria tranqüilo de largasse tudo que acredito e pelo que sempre lutei. Sei que com o meu trabalho e minha militância política, consegui reduzir a injustiça, e a minha covardia em renunciar a tudo isso permitiria que algumas pessoas continuem sendo injustiçadas, e eu me cobraria no futuro. Deixo claro que tenho a certeza de que não sou insubstituível. Mas sigo acreditando que é necessário continuar lutando, mesmo que algumas pessoas não reconheçam a minha luta, mas o importante é a minha consciência.

Devido o meu trabalho e da forma como enfrento os nossos adversários e inimigos políticos, já enfrentei inquéritos policial, e atualmente estou acusado pelo prefeito de São Bernardo de ter cometido contra ele injúria e difamação num artigo de minha autoria publicado em alguns jornais on line. Vale salientar que nem sempre fui compreendido e apoiado por quem eu esperava o apoio.

Outro ponto que destaco: “enquanto muitos do próprio PT, muitos amigos da esquerda, parecem hoje ter vergonha de conhecer meu pai, nossa família, de apoiá-lo e defendê-lo”. Quero afirmar que sou petista, membro da Executiva Municipal de São Bernardo; que tive poucos contatos pessoal com o seu pai e que já tive a oportunidade de conversar com ele sobre o pistoleiro, protagonista do livro “O nome da morte” de Kléster Cavalcante. Admiro o deputado, a sua luta, sua trajetória política; que sofri na pele e ainda sofro com tudo o que a mídia vem publicando sobre os nossos companheiros e nosso partido. Lembre-se que grande parcela do povo brasileiro continua acreditando em seu pai, haja vista sua vitória nas eleições de 2006. Apesar de eu não tê-lo apoiado e pedido voto para ele na última eleição, pois eu já tinha compromisso com outro companheiro, fiquei deveras feliz com sua vitória. Entendi como uma resposta positiva e de reconhecimento de sua luta, de seu trabalho.

Você tem toda razão em está decepcionada e cheia dos demais sentimentos externados em sua carta, mas peço que não generalize a todo o povo brasileiro, bem como a todos os petistas, pois estou sempre disposto a defender os nossos companheiros, inclusive o ex-guerrilheiro Genoino, o seu Genoino pai.

Durante a campanha eleitoral de 2006, briguei muito na rua para defendê-los dos comentários maldosos e de falsas informações que o povo tinham em relação aos fatos. Foi uma das campanhas mais difícil que fiz até hoje, mas vencemos.
Conte comigo.

Paulismar Duarte


13. Meu caro Genoino,

Receba o meu fraternal e incondicional abraço e rogo transmitir à Miruna, que lí emocionado as palavras dela que me foram passadas por um amigo.Sei quanto dói a dor de uma injustiça, mais que qualquer tortura, mas que volte para a Espanha orgulhosa do heróico pai que tem e mesmo às vesperas dos meus 70 anos, não perdí a esperança de termos no futuro um Brasil mais justo, enquanto existir homens do quilate dele.

Eduardo Lago


14. Para Miruna

Peço licença para filha do companheiro Genoíno para antes de seu texto colocar uma frase do Presidente LULA no seu discurso dutante o 3 Congresso:

"Somos mais atacados pelos nossos méritos que por nossos erros. Não temos de quê nos envergonhar. Não tenham medo de ser petistas, de andar com a estrela no peito. O PT é um dos grandes responsáveis pelos passos largos do Brasil rumo à dignidade. E isso também é percebido pelo mundo", afirmou Lula.

Genoíno, tenha certeza que você, como também os companheiros Zé Dirceu e João Paulo são o exemplo para milhares de militantes não só do PT mas como da esquerda da América Latina e onde vocês precisarem estarei lá, porque aprendi com a história de vida de vocês e da nossa que muitos passos largos ainda deverão ser dados rumo ao país que queremos. Por isso Miruna viaje tranquila porque a grande família petista estará com seu pai. Afirmo com orgulho dos meus companheiros e do meu partido, João Bravin.

Acreditar. E vencer.

Há muitos anos atrás, quando eu ainda era aluna do Logos e nem sonhava em tomar os caminhos que depois surgiram na minha vida, minha mãe veio me contar que meu pai tinha sido convidado para ir à Ilha de Caras com todos nós. E que tinha dito não. Eu fiquei um pouco desapontada, não porque seja fã de tal revista, mas porque imaginava a mordomia e os brindes que poderia conseguir com uns dias naquele paraíso. Quando meu pai chegou de Brasília e eu perguntei o porquê da recusa ele foi taxativo: jamais iria participar de tal ambiente, jamais iria conseguir relaxar no meio de tanto esbanjamento de luxo e dinheiro e não ia deixar que ficassem fotografando a hora dele nadar, comer, ir ao banheiro. Pouco tempo depois encontramos aqui em casa uma caixa, pro meu pai, com um tubinho todo chique, com um convite dentro: era para a festa de lançamento da novela "O Clone", que já tinha acontecido há alguns dias. Novamente indaguei ao meu pai para saber porquê ele não tinha ido (e me levado junto) e a resposta foi bem parecida: não quero estar no meio de uma festa que não significa nada para mim. E ponto.

Durante todos estes anos em que esteve na política, nos altos e baixos, meu pai nunca mostrou qualquer mínimo sentimento de ambição e de ilusão com o poder. Nunca se deixou maravilhar por este mundo das revistas sociais e das ocasiões de luxo e glamour. Nunca teve nem aquela ambição do tipo Odette Roitman, nem aquela pequena, ínfima, que todo mundo tem, de querer ter algumas coisinhas nas nossas vidas. Ele nunca teve isso porque para ele não era o que o movia, não era o que dava sentido à sua vida, à sua história, à sua luta.

O que sempre moveu meu pai foi um sentimento amplo, único, de trabalhar para um bem maior, para algo que pudesse de verdade "melhorar a vida das pessoas", esta era a frase que a gente mais ouvia. Ele sempre me dizia que, desde a época da ditadura, o que sempre deu força para seguir lutando, seguir vivendo, seguir sonhando, era esta certeza de que com a sua luta, seus ideais, as coisas poderiam melhorar, poderiam ser diferentes. E que certamente um dia seriam.

Muito tempo se passou e recebemos esta semana a dura notícia de que meu pai, meu Genoino pai, vai ser processado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Durante todo este processo, ele nunca teve muita dúvida de que iria ser condenado pelo STF; ele me dizia: "a mídia não vai deixar eu não ser indiciado...". E assim foi. Tivemos que ler barbaridades, tivemos que agüentar monstruosidades, tivemos que ouvir frases sem lógica como, "é, não tem mesmo provas contundentes para ser condenado, mas vou indiciar...". Que mundo é esse em que mesmo sem provas, uma pessoa é processada por um crime que jamais cometeu?

Desde então temos recebido alguns importantes telefonemas de apoio, de solidariedade, mas também temos recebido telefonemas da nossa velha amiga imprensa. Aquela mesma imprensa que condenou meu pai pelos "dólares na cueca" e depois, quando meu tio foi absolvido, colocou apenas uma nota de rodapé. A mesma imprensa que depois do meu pai ter sido sempre o interlocutor mais fiel, escrevia absurdos nos jornais sem nem ao mesmo realizar um telefonema para checar antes... Esta mesma imprensa que nos fez passar por tudo, desde mobilizar uma multidão na porta da nossa casa para nos xingar, até escrever que meus pais tinham ido ao meu casamento na Espanha com dinheiro do Marcos Valério – não foram capazes de perguntar antes na companhia aérea sobre as 10 parcelas que minha mãe pagou para que eles pudessem estar comigo naquele momento.

Eu nunca serei contra a liberdade de imprensa. Nem eu, nem meus pais, que lutaram, sofreram, foram presos e torturados por defender a liberdade que a ditadura esmagou. Mas não posso ser a favor de ir de um extremo ao outro... Saímos das notícias falsas do regime militar e a omissão sobre os fatos, ao vale tudo da imprensa, que hoje em dia parece conversa de vizinha: ouviram um rumor, já está lá publicado. Sofro com tudo isso porque é a mesma injustiça que, na volta da minha lua-de-mel, fez com que eu fosse deportada: não importam os fatos, não vou checar nada porque eu mesma já decidi que o que você está dizendo é mentira. E o mais triste não é nem isso, alguém ser assim de injusto; o pior é ver um monte de outras pessoas acreditando e se deixando levar pelo movimento.

O que percebo é que as pessoas não são mais inocentes até que se prove o contrário. Estão tratando a todos como se fossem culpados até que se prove o contrário.
Tudo isso me fez lembrar uma passagem do livro "O nome da morte", de Kléster Cavalcanti, que conta a história de um matador de aluguel que por acaso foi quem deu um tiro no meu pai e o prendeu no Araguaia. Quando tudo aconteceu, ele era apenas um jovem de 17 anos que não queria fazer mal a ninguém. E lá foram dizer a ele, para convencê-lo a realizar o tal serviço, de que ele estava ajudando a combater os comunistas terroristas e assim ajudando ao progresso do Brasil. E o tal matador acreditou. Tanto tempo se passou desde esta história, mas parece que muita coisa continua igual... "Eles são corruptos e formaram uma quadrilha!" e um monte de gente vai lá, acredita, se revolta e ainda reclama da demora da justiça, porquê vai demorar tanto tempo para eles serem condenados???? Já existiram tempos em que tudo era mais rápido não é mesmo?

Tudo isso parece um inferno, parece um calvário, mas se querem saber algo, nós não vamos desistir. Acho que a história da minha família é essa, derrubar para dar a volta por cima e vencer, vencer todos os desafios. Nós vamos vencer mais este desafio, vamos lutar até o fim para provar a inocência do meu pai, vamos lutar até o fim para que todos possam perceber que meu pai pode até ter cometido alguns erros políticos, mas que nunca, jamais, cometeu qualquer ação criminal. Jamais.

São muitos os sentimentos que me invadem neste momento porque estou já me despedindo do meu país para voltar para minha casa, que é Sevilha. E o que mais dói dentro de mim é que vou magoada com este meu Brasil, decepcionada com as pessoas, descrente com o que estamos criando por aqui... Espero algum dia conseguir perdoar ou ao menos entender tudo isso... São tantas contradições! Hoje recebi um e-mail amigo com uma defesa ao meu pai feita por um deputado de um partido da oposição, enquanto muitos do próprio PT, muitos amigos de esquerda, parecem hoje ter vergonha de conhecer meu pai, nossa família, de apóia-lo e defendê-lo. De defender a sua história, a sua luta, a sua verdade. Eu não me preocupo porque sei que pra todo mundo chega o momento de pensar, de avaliar, de prestar contas dos seus atos perante uma força maior, seja a força que for, interna, humana, coletiva, divina.


Não vamos desistir. Não vamos desistir, não vamos nos envergonhar e não vamos fraquejar. Nossa união sempre se mostrou imbatível e é ela que vai nos ajudar a vencer tudo isso e a provar que sim, os anos passaram, mas meu pai nunca deixou de ser aquele ser humano determinado, verdadeiro e íntegro, que nos momentos "em alta" não se deixou iludir pelas ilhas de caras da vida e por isso não vai ser agora, um pouco em baixa, que vai se deixar levar pelo mar de injustiça e desrespeito. Ele é maior que tudo isso, eu sei. E nós também, algum dia, seremos.

Miruna Kayano Genoino – agosto de 2007

JOAO BRAVIN


14. Companheiro Genoino

Estou te escrevendo para manifestar minha solidariedade nesse momento difícil por que você está passando.

Fui sensibilizado pela carta que sua filha escreveu e, como pai que sou, tentei entender seu sofrimento e de seus familiares.

Não podemos aceitar de forma nenhuma o pré julgamento que a mídia, com raras exceções, tem perpetrado ao povo brasileiro, como forma de fazer oposição ao Governo Lula. O aliciamento do imaginário da população, através do terrorismo das ilações, indícios e suspeitas, para que esta, enfim, seja convencida que o Governo, o PTe seus militantes não passam de um bando de ladrões que usurparam o poder, é das práticas mais nefastas que temos visto nos noticiários e nas bocas de articulistas estupefatos nos últimos tempos.

A pressão, denunciada pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski, que a imprensa exerceu no indiciamento dos 40 denunciados pelo STF, foi mais um ato do vandalismo noticioso que temos assistido desde a posse do primeiro mandato do Governo Lula.

Não vamos nos intidimidar, o Brasil não é deles, estaremos combatendo também essa forma espúria de construir a democracia deles, vamos construir a democracia do povo brasileiro, com a justiça e a imprensa que merecem.

Grande abraço

Mário Sérgio Castanheira


15. Abraço sempre é bom

Caro companheiro e liderança Genoino

Acabo de ler a 'carta aberta' que sua filha escreveu a respeito do sofrimento e das tristezas que você (me permita usar este tratamento) e sua família estão passando.
Por isso, lhe escrevo.

Deveria ter feito isso antes, mas reconheço que a carta de sua filha me alertou para o fato de que não havia me manifestado diretamente a você depois da decisão do Supremo.

É rápido e simples, mas sincero (apesar de ter demorado): Conte com minha solidariedade, companheirismo e apreço.

Sua luta é a nossa luta.Você tem sido uma liderança muito importante na construção de um Brasil mais justo e igualitário e isso ninguém jamais tirará de você.
Caro deputado e companheiro.

Mais uma vez, pode contar comigo, e com tantos outros, que confiamos em você e em sua história de lutas.

Forte abraço,

Wagner Pinheiro de Oliveira


16. Prezado Geoino,

Há momentos em que tempo não existe, passado e presente se fundem e as lembranças rompem barreiras para dar vazão a sentimentos de solidariedade, respeito e amizade. É o que acontece agora, por isso escrevo, mesmo sabendo da limitação deste espaço.

Acompanho sua vida pública pela mídia, sei de você o que chega através dela. Não sei de suas expectativas, frustrações ou tristezas, assim, desconheço o que se passa no seu íntimo mas posso imaginar, porque sei o quanto você se dedicou à luta por seus ideais e os colocou acima de tudo. Eles podem ter mudado através do tempo, mas acredito que você sempre se pautou pelo social, que suas ações políticas foram fruto de decisões coletivas e que não se aproveitou, como muitos, de sua posição para obter vantagens pessoais. Por isso, lamento que esteja nesta situação. Sinto muito.

Lembra da música "Roda Viva"? De repente, a vida dá uma virada, tudo gira, o cenário muda e nem sempre estamos preparados para a nova "cena". Mas acredito que tenha algo que não está sujeito à lei da impermanência, é a essência de cada um. Espero que este Ser essencial que existe em você lhe possibilite um percebimento da realidade no qual, frente a frente com a Verdade, possa conduzir sua jornada com muita força, muita luz.

Abraços,

Lourdes Gutierres


17. Solidariedade

Caro Genoino,

Demorei mas aqui estou para me sodarizar com você.

Vamos em frente a luta continua e a verdade aparecerá.Voce que já enfrentou tantas tormentas.tem animo e o apoio de muitos para continuar lutando.

Um abraço carinhoso,

Zeze Brandão


18.Pessoal,

Sou a Zezé, de Santos, e escrevo para mandar um abraço afetuoso para o Genoino, sua família e pra vocês, porque imagino que não está sendo fácil lidar com a questão do julgamento no STF, a mídia e toda a pressão decorrente.

Nós, eleitores do Genoino temos absoluta convicção da sua honestidade pessoal e política, se hoje estamos no poder, foi a contribuição das idéias do Genoino acerca da atualização das nossas teorias de esquerda, o pragmatismo necessário, o que não é vale-tudo, obviamente, que ajudou o PT a chegar lá. Mas a idéia preconcebida de que político é assim mesmo, só baseada no interesse pessoal e na busca por benesses, alimentada pela mídia e engolida pelo nosso povo porque foi assim mesmo por muito tempo, é o que criminaliza a atividade partidária egítima que é a busca de acordos, alianças, etc, e que foi o que o Genoino fez como Presidente do PT.

Sei que a nossa militância em peso saberá apoiar nosso companheiro em todas as etapas que virão. Força, vale suportar os ataques vis, em nome do POVO BRASILEIRO e o avanço nas condições de vida dos miseráveis deste país.

Beijos, Zezé


19. PT Americana


Palmeiras perde para São Paulo. Conseguimos grampos inéditos que foram nos passado a peso de ouro do conluio do PT, Lula, Zé Dirceu e José Genoino, conluio esse em que resoltou na derrota desta quarta feira do Palmeiras para o São Paulo.

Como todos sabem Lula é corinthiano. O presidente faz questão de deixar isso claro. Zé Dirceu, teria desenvolvido uma paixão histórica pelo São Paulo, posto que quando foi presidente da União dos Estudantes do Estado de São Paulo, gostou de ser o representante do Estado, isso teria resultado em dois sonhos, um ja se tornou realidade o outro ainda esta por vir. O que se realizou é ele ter se tornado São Paulino. Gostou de ser o representante de São Paulo, o outro que esta por vir é ser governador, segundo uma importante fonte que não posso e não tenho que divulgar, ele estaria tramando a sua eleição para 2.016.

José Genoino tem dois interesses. O primeiro ele também é corinthiano e um fracasso do Palmeiras é sempre muito comemorado pelos lados do Parque São Jorge. O Outro é que ele pretende se candidatar a presidente do Corinthians e conta com o apoio do atual Presidente do São Paulo para sua empreitada. Por isso tinha interesse em manipular o resultado do jogo da última quarta.Sobre O PT é claro.

O PT tem como cores principais o vermelhoe branco. O São Paulo tem como cores principais o vermelho, preto e branco, isso mostra que desde o ano de 1980 o PT já nasceu sob as astes do São Paulo. O PT é são paulino desde o inicio e isso mostra que o resultado do jogo de quarta foi votado no último encontro do diretório estadual do partido. Isso uma fonte da direção do partido nos confirmou sob pena do anonimato.

Mas uma fraude do PT comandar a derrota do Palmeiras. Como diria um grande comentador de jornalismo Isso é uma vergonha. Isso demonstra a não ética desse Partido desse governo que se julga acima da lei e da vontade dos outros. Os Palmeirenses pensam em breve em lançar o movimento Corremos e Cansamos, mas não deu....br /diariodeumreporterdagrandemidia.uniblog.com.br.

Nesse site daremos a versão da midia sobre temas corriqueiros. Objetivo: escrachar essa midia porca que vê o PT como culpado de tudo.

Marco Russo


20. Torcida petista


Olá Querido Deputado José Genoino!

Estamos aqui torcendo muito para que tudo de certo.
Já vencemos outras batalhas, esta é só mais uma e temos certeza de que sairemos vitoriosos.

Um grande Abraço

Eva e Maria Helena



21. Se eu puder ajudar.

Prezado representante do povo brasileiro,

Não sei se o senhor vai ler isso, talvez eu receba apenas uma daquelas
respostas automáticas para aqueles que incomodam largarem do pé de quem lê e
faz a filtragem da sua correspondência eletrônica, que muitas vezes, não tem
tempo sobrando, nem paciência de ler longos textos. Mesmo assim, a esperança
é maior que a acomodação, se me permite.

Embora eu seja um analista político de botequim, como todo bom brasileiro,
cursei economia na UERJ, embora não tenha me graduado, por falta de muitas
coisas, entre elas, maturidade, e sou graduado em Redes de Computadores,
pela Estácio de Sá, o shopping dos diplomas, Jefferson que o diga. Carioca,
36 anos, morador da cidade maravilhosamente administrada, pelo gerador de
criaturas, e administrador de bolsões de miséria mais querido dos DEMagogos.
Sou um observador, antes de tudo.

Analisando de onde estou, sinto falta de indignados como você, que embora
hoje, bombeiro, um incendiário de primeira linha. Nosso atual movimento
estudantil se limita ao pêndulo entre a cantina e a praça de alimentação
mais próxima. Não que Heloísa seja um parâmetro, vejo-a como uma adolescente
que esqueceu de amadurecer, lutando como Frossard verbalizou uma vez, "em
tempos onde homens de bem, utilizam-se de ferramentas...", o senhor sabe.

Apoio é um olhar, um gesto, em silêncio. Palavras lhe são um incenso
desnecessário.

FHC começou a minguar a agência, o seu grupo, no primeiro concurso, dobrou o
número de agentes, equilibrando a balança(!?), Quando será o próximo
concurso? Mais do que diligenciar maiores poderes, o número precisa crescer.
Não são pretorianos, são a inteligência, insira uma emenda qualquer que dê
aos agentes, condições de permear outras instituições. Já é um começo.

Sonho com o dia que o colarinho branco vá trabalhar com amianto em SP
graças à FIESP. O cansaço demagogo seria televisionado novamente.

Devaneios à parte, eu sempre disse que enquanto os aviões e jatinhos
executivos não caíssem, enquanto acidentes não acontecessem, com Jeffersons,
Maias, Malufs ou Magalhães da vida, nós não precisávamos nos preocupar, pois
estaríamos bem longe da ditadura do proletariado.

Sobre caixa dois, bom, na próxima entrevista, fale a respeito dos títulos do
governo estadunindense, ao portador, livre de impostos, aceitos no mundo
todo, principalmente pelos bancos londrinos, para onde todo bilionário vai,
pela sua carga tributária para pessoa física. Se fosse culpado de algo,
teria uma conta lá, com alguns milhões, assim como Maluf, que faz Abadia
parecer um trombadinha, com apenas alguns trocados no bolso.

Duvido que tenhas tempo sobrando, mas, eu tenho. Estou a alguns cliques de
distância. Aguardando o próximo concurso da agência.

Atenciosamente,

Itamar de Oliveira.

Carta da Miruna após as acusações do STF

Carta Miruna
Acreditar e vencer


Há muitos anos atrás, quando eu ainda era aluna do Logos e nem sonhava em tomar os caminhos que depois surgiram na minha vida, minha mãe veio me contar que meu pai tinha sido convidado para ir à Ilha de Caras com todos nós. E que tinha dito não. Eu fiquei um pouco desapontada, não porque seja fã de tal revista, mas porque imaginava a mordomia e os brindes que poderia conseguir com uns dias naquele paraíso. Quando meu pai chegou de Brasília e eu perguntei o porquê da recusa ele foi taxativo: jamais iria participar de tal ambiente, jamais iria conseguir relaxar no meio de tanto esbanjamento de luxo e dinheiro e não ia deixar que ficassem fotografando a hora dele nadar, comer, ir ao banheiro. Pouco tempo depois encontramos aqui em casa uma caixa, pro meu pai, com um tubinho todo chique, com um convite dentro: era para a festa de lançamento da novela “O Clone”, que já tinha acontecido há alguns dias. Novamente indaguei ao meu pai para saber porquê ele não tinha ido (e me levado junto) e a resposta foi bem parecida: não quero estar no meio de uma festa que não significa nada para mim. E ponto.

Durante todos estes anos em que esteve na política, nos altos e baixos, meu pai nunca mostrou qualquer mínimo sentimento de ambição e de ilusão com o poder. Nunca se deixou maravilhar por este mundo das revistas sociais e das ocasiões de luxo e glamour. Nunca teve nem aquela ambição do tipo Odette Roitman, nem aquela pequena, ínfima, que todo mundo tem, de querer ter algumas coisinhas nas nossas vidas. Ele nunca teve isso porque para ele não era o que o movia, não era o que dava sentido à sua vida, à sua história, à sua luta.

O que sempre moveu meu pai foi um sentimento amplo, único, de trabalhar para um bem maior, para algo que pudesse de verdade “melhorar a vida das pessoas”, esta era a frase que a gente mais ouvia. Ele sempre me dizia que, desde a época da ditadura, o que sempre deu força para seguir lutando, seguir vivendo, seguir sonhando, era esta certeza de que com a sua luta, seus ideais, as coisas poderiam melhorar, poderiam ser diferentes. E que certamente um dia seriam.

Muito tempo se passou e recebemos esta semana a dura notícia de que meu pai, meu Genoino pai, vai ser processado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Durante todo este processo, ele nunca teve muita dúvida de que iria ser condenado pelo STF; ele me dizia: “a mídia não vai deixar eu não ser indiciado...”. E assim foi. Tivemos que ler barbaridades, tivemos que agüentar monstruosidades, tivemos que ouvir frases sem lógica como, “é, não tem mesmo provas contundentes para ser condenado, mas vou indiciar...”. Que mundo é esse em que mesmo sem provas, uma pessoa é processada por um crime que jamais cometeu?

Desde então temos recebido alguns importantes telefonemas de apoio, de solidariedade, mas também temos recebido telefonemas da nossa velha amiga imprensa. Aquela mesma imprensa que condenou meu pai pelos “dólares na cueca” e depois, quando meu tio foi absolvido, colocou apenas uma nota de rodapé. A mesma imprensa que depois do meu pai ter sido sempre o interlocutor mais fiel, escrevia absurdos nos jornais sem nem ao mesmo realizar um telefonema para checar antes... Esta mesma imprensa que nos fez passar por tudo, desde mobilizar uma multidão na porta da nossa casa para nos xingar, até escrever que meus pais tinham ido ao meu casamento na Espanha com dinheiro do Marcos Valério – não foram capazes de perguntar antes na companhia aérea sobre as 10 parcelas que minha mãe pagou para que eles pudessem estar comigo naquele momento.

Eu nunca serei contra a liberdade de imprensa. Nem eu, nem meus pais, que lutaram, sofreram, foram presos e torturados por defender a liberdade que a ditadura esmagou. Mas não posso ser a favor de ir de um extremo ao outro... Saímos das notícias falsas do regime militar e a omissão sobre os fatos, ao vale tudo da imprensa, que hoje em dia parece conversa de vizinha: ouviram um rumor, já está lá publicado. Sofro com tudo isso porque é a mesma injustiça que, na volta da minha lua-de-mel, fez com que eu fosse deportada: não importam os fatos, não vou checar nada porque eu mesma já decidi que o que você está dizendo é mentira. E o mais triste não é nem isso, alguém ser assim de injusto; o pior é ver um monte de outras pessoas acreditando e se deixando levar pelo movimento.

O que percebo é que as pessoas não são mais inocentes até que se prove o contrário. Estão tratando a todos como se fossem culpados até que se prove o contrário.

Tudo isso me fez lembrar uma passagem do livro “O nome da morte”, de Kléster Cavalcanti, que conta a história de um matador de aluguel que por acaso foi quem deu um tiro no meu pai e o prendeu no Araguaia. Quando tudo aconteceu, ele era apenas um jovem de 17 anos que não queria fazer mal a ninguém. E lá foram dizer a ele, para convencê-lo a realizar o tal serviço, de que ele estava ajudando a combater os comunistas terroristas e assim ajudando ao progresso do Brasil. E o tal matador acreditou. Tanto tempo se passou desde esta história, mas parece que muita coisa continua igual... “Eles são corruptos e formaram uma quadrilha!” e um monte de gente vai lá, acredita, se revolta e ainda reclama da demora da justiça, porquê vai demorar tanto tempo para eles serem condenados???? Já existiram tempos em que tudo era mais rápido não é mesmo?

Tudo isso parece um inferno, parece um calvário, mas se querem saber algo, nós não vamos desistir. Acho que a história da minha família é essa, derrubar para dar a volta por cima e vencer, vencer todos os desafios. Nós vamos vencer mais este desafio, vamos lutar até o fim para provar a inocência do meu pai, vamos lutar até o fim para que todos possam perceber que meu pai pode até ter cometido alguns erros políticos, mas que nunca, jamais, cometeu qualquer ação criminal. Jamais.

São muitos os sentimentos que me invadem neste momento porque estou já me despedindo do meu país para voltar para minha casa, que é Sevilha. E o que mais dói dentro de mim é que vou magoada com este meu Brasil, decepcionada com as pessoas, descrente com o que estamos criando por aqui... Espero algum dia conseguir perdoar ou ao menos entender tudo isso... São tantas contradições! Hoje recebi um e-mail amigo com uma defesa ao meu pai feita por um deputado de um partido da oposição, enquanto muitos do próprio PT, muitos amigos de esquerda, parecem hoje ter vergonha de conhecer meu pai, nossa família, de apóia-lo e defendê-lo. De defender a sua história, a sua luta, a sua verdade. Eu não me preocupo porque sei que pra todo mundo chega o momento de pensar, de avaliar, de prestar contas dos seus atos perante uma força maior, seja a força que for, interna, humana, coletiva, divina.

Não vamos desistir. Não vamos desistir, não vamos nos envergonhar e não vamos fraquejar. Nossa união sempre se mostrou imbatível e é ela que vai nos ajudar a vencer tudo isso e a provar que sim, os anos passaram, mas meu pai nunca deixou de ser aquele ser humano determinado, verdadeiro e íntegro, que nos momentos “em alta” não se deixou iludir pelas ilhas de caras da vida e por isso não vai ser agora, um pouco em baixa, que vai se deixar levar pelo mar de injustiça e desrespeito. Ele é maior que tudo isso, eu sei. E nós também, algum dia, seremos.

Miruna Kayano Genoino – agosto de 2007.

Carta 1 de Miruna (filha de Genoino)

Esta mensagem da primogênita do Genoino, mostra um pouco o quão especial é a trajetória humana dessa figura pública.


"Carta ao meu Papai Genoino (escrita ao som de "Madredeus")


Meu querido "Nubins",


Já faz uma semana que terminei de ler o teu livro "Entre o sonho e o poder" e desde entao tenho tentando organizar todo o turbilhao de sentimentos e pensamentos que vieram à minha mente e ao meu coraçao depois desta leitura. A verdade é que também o fato de estar vivendo uma gestaçao faz com que minha percepçao de tudo seja outra, minha sensibilidade parece também que é outra e é claro que meus hormônios deixam tudo bastante confuso às vezes.

Demorei mas do que demoraria normalmente para ler um livro porque muitas vezes precisava parar, respirar, pensar em cada uma das palavras, no que significavam para mim, o que tinha sido tua vida, quais os caminhos que nos levam a tomar determinadas decisoes e a entender como você, meu Papis, pôde ser tao forte...

Sabe que nao sei se já te disse isso, mas a verdade é que durante toda minha vida convivi com este sentimento; o de saber que sou filha de pais coragem, que lutaram e nao tiveram medo de sofrer a até quase perecer em nome dos seus ideais... Pensava muitas vezes se eu seria assim tao forte, se eu também teria esta mesma garra, esta mesma vontade de lutar sofrendo todas as consequencias...

Na verdade esta resposta nao existe porque, bem ou mal, vivo em tempos diferentes, de outras lutas e outros sonhos, o que sim sei é que de certa forma eu e o Nanan crescemos influenciados por esta "herança" de toda a batalha que você e a Mamae viveram para sobreviver e lutar por um mundo melhor... e tudo o que vocês nos ensinaram durante este tempo, o que esperavam de nós, o que desejavam de nós, o que lutaram por nós, eu revivi e entendi por meio do teu livro... começando por entender tantas decisoes que vocês foram tomando ao longo do tempo, por entender minhs raízes, minha própria família.

Me marcou muito ver como você fala da tua família, dos meus avós.

Tenho uma relaçao distante com eles, sei pouco de como vivem e sei que eles têm uma vida muita distante da que tive. Lembro que quando fomos visitar meu avô naquela operaçao do coraçao, a filha do meu tio Ronaldo olhava pra mim e pro Nanan com uma mágoa, uma estranheza, um rancor, nao sei bem te dizer como senti e pude identificar isso, mas sei que ela olhava pra gente como que nao nos reconhecendo como sua família. Pra mim foi duro, mas entendo todas as escolhas que você fez e sei que se nao tivesse sido assim teria sido difícil manter uma clareza sobre tudo, o fato de você ter saído de lá e ter construído sua vida em outro lugar. De qualquer forma e por conta disso, fiquei feliz em saber e ler sobre meu avô, minha avó, a importância que ela teve na tua formaçao, a vontade que ela tinha de que o filho saísse do sertao e toda a luta que eles mesmos tiveram que travar para segurar a barra de ter visto um filho sair, sumir, morrer, renascer, sofrer, tantas coisas! Claro que como professora me marcou muito este papel da minha avó na sua alfabetizaçao... é bom saber que mesmo tendo crescido longe, tenho mais dela do que imaginava...

Sabe Papis, eu sempre quis saber muito sobre o que você e a mamae passaram na época da ditadura, sei que a Mariana e o Nanan se surpreenderam muito mais do que eu lendo o livro porque ficaram sabendo de uma série de coisas que eu sim já sabia... ou por intermédio das conversas que tivemos, ou por conversas com a Mamae ou, nao sei se sabe, pelas minhas "investigaçoes" particulares... Sim porque desde muito pequena, acho que com 9, 10 anos comecei a fazer isso, tudo se intensificou porque a Escola da Vila começou a estudar os anos 60 (eu estava na 3ª série); eu lembro que você me explicava muitas coisas, mas eu também "fucei" muito no seu escritório, lendo livros (li, por exemplo, com uns 14 anos, o Guerra de Guerrilhas...), entrevistas tuas, reportagens... A sua entrevista na Playboy, por exemplo, foi um marco para mim, porque lá fiquei sabendo de muitas coisas...

Nunca ficava triste pensando que vocês nao tinham me contado, porque imaginava como deveria ser duro ter que viver e reviver tudo aquilo e contar para mim. A depressao pós-parto da mamae, por exemplo, eu fiquei sabendo por esta entrevista. Nao guardo nenhuma mágoa por ela ou você nao terem me contado antes, porque sei que foi melhor assim, ir sabendo do que aconteceu aos poucos. Vejo que hoje tenho a maturidade necessária para entender a relaçao de vocês dois, a história que viveram e a uniao e força que surgiu e se renovou quando puderam superar este acontecimento. Agora que estou a ponto de me convertir em mae também, como já te contei, tenho medo de ter também uma crise de depressao, talvez porque a da mamae marcou minha vida e o que sou hoje, mas em realidade penso e confio que se acontecesse isso comigo, meu Miguel seria tao forte como você foi e nao deixaria que faltasse nada para minha filha, igual você fez comigo.

A verdade, meu Papai, é que nunca falamos muito abertamente sobre essa história mas eu queria de verdade soltar o que levo há anos, desde que li aquela entrevista feita pelo Bené, dentro de mim: muito obrigado. Muito obrigado meu Nubins, por nao ter tido medo de ficar comigo, por ter cuidado da mamae e de mim ao mesmo tempo, por ter trocado fraldas e feito tudo o que era preciso naquele momento, até mesmo por nao ter deixado a Batchan me levar de casa... se nao fosse por você acho que minha história - e a da mamae - seria outra e acho que esta afinidade que temos hoje vem dessa recordaçao eterna, da cumplicidade que tivemos que criar tao rápido quando eu era apenas um bebê.

Quando li o capítulo "Rioco, Miruna e Ronan" foi bastante difícil. Porque por mais que tenha conversado, nao sabia de alguns detalhes que você conta, como por exemplo que a mamae voltou a falar japonês. Também porque apesar de ter total segurança da relaçao que tenho com ela hoje, nao é fácil ler que de certa forma ela me rejeitava, nao me reconhecia como filha naquele momento. Fico pensando em como tinha que estar a cabeça dela para que isso tudo acontecesse, no quanto ela sofreu na ditadura e em como as marcas que algo assim deixam na vida de uma pessoa, passam a barreira do físico e das geraçoes.

É por tudo isso que digo que sim, a luta que você e a mamae travaram também marcou a história de vida que eu e o Nanan temos. Nós também temos heranças e recordaçoes de tudo isso, apesar de nao termos vivido naquela época... também tivemos nossos sofrimentos com todas as consequências da dureza destes anos tao difíceis... puxa, lembro tanto da "famosa" foto do Araguaia, quando foram lá em casa mostrar pra mim e o Nanan nao quis ver. Em como para mim parecia que existia uma fronteira tao esquisita entre o pai de hoje e aquela pessoa ali presa, que eu queria tanto salvar se pudesse!!!!

Sinto, Papis, que com teu livro eu pude fazer uma revisao de mim mesma, da relaçao com você e com a Mamae, da relaçao com o Nanan, da relaçao com a Mariana, das recordaçoes de nossa família... sabe, estar vivendo longe já me deu outro sentido para tudo isso porque sempre viverei com esta contradiçao: por um lado com a certeza e a alegria de ter encontrado um grande amor e por outro com uma pena e uma culpa por ter deixado vocês aí, tao longe... foi uma espécie de terapia ler a tua história que é também a história da mamae, e a minha, e a do Nanan, relembrar fatos, entender, refletir sobre eles, sobre o que ficou daquilo tudo e mais que nada, perceber que algumas unioes sao mais fortes que qualquer distância Espanha-Brasil.

Foi bom perceber por exemplo, por meio das conversas que tenho tido com a Mariana e a crise que ela viveu com a leitura do teu livro, que eu já te perdoei completamente, profundamente, por toda esta história. Percebi que sim, sofri muito e tive que reavaliar muito do que tinha idealizado de você como pai, mas que por ter vivido intensamente todo aquele processo e com a ajuda das pessoas queridas, superei totalmente esta crise de pai-filha que vivemos. Tenho tranquilidade ao ver que hoje nao guardo nenhum rancor, nenhuma mágoa de tudo aquilo e sao estes sentimentos de superaçao depois de algo tao difícil os que tenho tentado passar para a Mariana...

Também foi muito importante ler sobre tudo, tudinho que você fala da crise vivida ano passado... ainda terei que esperar alguns anos, alguns muito anos para poder eu mesma superar o que aconteceu, e acho que teu livro me ajudou a avançar um pouco neste sentido. Principalmente quando você fala do perdao e do sentimento que guarda dentro de si com tudo o que sofreu... eu sinto que esta é a melhor forma de seguir em frente porque se ficamos eternamente com raiva, rancor ou ódio estes sentimentos nos impedem de ir mais além e de sermos algo mais que estas pessoas que nos machucaram, mas ainda preciso aprender mais contigo a ser assim.

Eu sou esta mulher passional, que estava louca de raiva e de ódio e que só descansou um pouco depois que pôde dizer umas quantas verdade pros jornalistas da Folha e da Veja... ainda nao consegui superar a raiva que tenho do programa Pânico, por exemplo, daquelas pessoas que foram lá em casa apenas para aparecer na "telinha", dos políticos pouco corajosos que nao souberam te apoiar, dos jornalistas pouco honestos que nao souberam escrever verdades e que convertiram boatos em manchetes, daquela mulher horrível que gritou com você no aeroporto justo antes do Miguel chegar, de tudo o que você teve que passar e que quase te derrubou por completo...

E aí me vejo lendo o seu livro e leio você falando do perdao, da volta por cima, do silêncio mudo, do seguir em frente, de que "Alimentar ódio, raiva, também faz mal. (...) O perdao nao é esquecimento, perdao nao é passar uma esponja, perdao é você ter consciência que a sua vida nao pode ser regida por aquela relaçao e dor e de ódio. Significa criar uma racionalidade capaz de sublimar aquela tragédia que é a bestialidade humana." (p.52) e meus olhos já se enchem de lágrima. Acho que de todas as sensaçoes do livro a mais forte de todas foi essa, a de aprender e entender que você só pôde seguir em frente e tornar-se melhor ser humano, melhor pessoa e nao se curvar perante a nada, porque é este homem maravilhoso, iluminado, que consegue verdadeiramente entender e aplicar este sentido tao humano e único do perdao. Ler este livro e em especial ler sobre todas as muitas vezes na tua trajetória em que teve que saber perdoar foi como compreender, nao totalmente, mas em grande parte, de onde vem minha grande admiraçao e a grande idealizaçao que sempre fiz de ti.

Eu também quero aprender a cultivar este novo significado para o perdao. Quero ser capaz de perdoar o que você sofreu, seja na tortura da ditadura, seja no massacre desta imprensa de hoje, quero ser capaz de olhar para estas pessoas, que nao preciso nomear mas que você sabe que me decepcionaram muito, e nao sentir nada, conseguir ser maior que isso tudo. Quero conseguir nao ter rancor dentro de mim... há umas semanas, depois de uma pequena crise totalmente relacionada com minha saudade do Brasil e meu "estado grávida" de ser de agora, decidi seguir uma filosofia zen... e dentro desta filosofia e também porque carrego minha Paula dentro de mim, nao quero andar nem conviver com rancores ou ódios, nao quero ter dentro de mim nada que nao sejam sentimentos bonitos e maiores que a vida mesma.

Como ainda nao sou forte o suficiente para esquecer, como ainda me dói muito relembrar o que você viveu, prefiro nao pensar nas pessoas que me suscitam este tipo de sentimento... prefiro nao pensar em determinados políticos, em determinadas revistas, em determinados jornais, em determinados personagens da tua história...

Ainda é difícil, mas para tentar alcançar isso tento direcionar meu pensamento para outra parte... no lugar de pensar em como foi duro ver você em casa todos os dias - de pijama às vezes - triste e cabisbaixo, penso que nos meus últimos seis meses no Brasil pude conviver contigo mais do que convivi em muitas épocas de nossa vida de pai e filha. Tento nao pensar que chegava em casa e te encontrava triste, mas sim na alegria que vivi em ter você tao perto, em ter podido te contar detalhes do meu trabalho que antes o tempo nao alcançava para contar, nas vezes em que pedi tua ajuda e que pude contar com teu apoio, fosse para levar algo para a Vila que eu tinha esquecido em casa, fosse para ir na Embaixada espanhola... lembro dos tantos almoços juntos, das conversas, e da cumplicidade que nós 4 aprofundamos ainda mais durante este tempo...

Sao estes pequenos detalhes os que têm me permitido ver tudo o que sofremos de outra forma, de outra maneira. Claro que nao consigo ainda mudar e amadurecer tao por completo toda a dor vivida, mas de certa forma com teu livro foi como se começasse a trilhar este caminho em busca de uma paz interior com tudo o que injustamente você passou. Penso no meu texto "Suco de limao e queijadinha" que ganhou repercussoes jamais imaginadas, nos e-mails dos amigos e amigas dando todo seu apoio, das visitas solidárias de pessoas mais ou menos conhecidas, dos abraços amigos recebidos e da força que recebo de todos os lugares...

Por fim, é claro que estou bastante ansiosa com as eleiçoes deste ano... rezo todos os dias por você, pela tua campanha, para que você se reencontre com a tua militância, que se reencontre com o Genoino político que teve que abrir mao da personalidade genuína quando se tornou presidente do PT, clamo aos céus por boas energias utilizando as lembranças das tantas campanhas vividas anteriormente e sei que desta forma estou por perto, mesmo vivendo longe.

Sabe Papai, foi muito bonito, muito mesmo, ler quase ao final do teu livro sobre tua reflexao quando conheceu a família do Miguel. Esta tua vinda para a Espanha foi muito importante para mim e sei que tivemos alguns momentos tensos porque enquanto eu estava vivendo uma alegria intensa, muitas vezes te via muito quieto e cabisbaixo, mas hoje, depois de quase 6 meses, entendo que nao era por outro motivo além daquele que você mesmo conta: foi depois daqui que você retomou seu caminho e tomou sua decisao.

Peço desculpas por ter ficado meio "brava" contigo aquele dia lá em Madrid, por ter te dado uma "bronca" por te ver tao quieto... sei que você me deu uma grande prova de amor vindo para cá, entrando comigo naquela igreja de San Lorenzo, estando comigo durante todos os rituais matrimoniais que você e a mamae sempre repudiaram tanto mas que, assim como outros tantos rituais, comigo tiveram que aprender a ver de outra forma. Jamais esquecerei este gesto teu...

É meu querido Nubins, Papis, Pakpai, Papai querido e amado, seu livro mexeu muito, muito mesmo comigo... e sei que continuará deixando suas raízes agora que iniciarei a traduçao ao espanhol para que teu genro possa ler sobre a tua, a nossa história... sei que foi um processo muito rico e muito profundo ter vivido a produçao deste livro junto à Denise e depois de terminar a leitura fico pensando em como foi bom que "Entre o sonho e o poder" tenha te encontrado quando, creio eu, você mais necessitava.

Tentei aqui de certa forma responder à pergunta, aparentemente simples, que você me fez outro dia: "E aí filha, o que você achou do livro?"... como vê, nao poderia responder tao superficialmente depois de uma leitura tao marcante como esta... todas as lágrimas que soltei durante este processo, seja lendo seu livro, seja esrevendo esta carta, foram lágrimas libertadoras, lágrimas de superaçao, lágrimas de admiraçao, e mais que nada, lágrimas de amor.

Este meu amor, tao grande, tao único, o amor de filha que sinto por você, meu papai querido.

Muitos beijos...

Mimi"