terça-feira, 29 de julho de 2008

Porque eu acredito na verdade

Abril de 2006. Minha grande amiga, a jornalista Erika Mazon, me fez um convite irrecusável: participar de uma reunião pra lá de informal com Genoíno. Era a possibilidade de me reunir com outros poucos colegas jornalistas em sua casa para uma tarde de conversa com o ex-presidente do PT.

Seria a primeira vez que ele se reuniria com representantes da impresa para um conversa informal. A oportunidade de, em um ambiente amigável e sem segundas intenções, ouvir e discutir um pouco sobre o que aconteceu de fato nos escândalos envolvendo o seu nome, me fascinou. Me senti um pouco parte da história nesse cenário tão cheio de contradições e convicções.

De lá pra cá, só reforcei minha admiração por essa figura singular que representa muitas das coisas nas quais acredito.

Aos poucos, a admiração ganhou tons de colaboração e me vi apaixonada pelas suas causas durante a campanha 2006. Participei do seu comitê eleitoral e, feliz, me engajei na campanha.

Foram meses de aprendizado. Entender sua plataforma, lidar com as questões esdrúchulas das acusações infundadas, perceber que se tratava de um homem público com valores absolutamente admiráveis. E mais ainda, compartilhar do sonho de construir um Brasil melhor. Mais justo e digno para todos. São conquistas que me faz sentir mais cidadã, mais consciente, mais participante e menos espectadora passiva do curso da história.

Sou uma eterna apaixonada pelas causas sociais e entendo o papel do Estado como um agente promotor de políticas que beneficiem as classes mais desfavorecidas. E o Genoino representa isso e muito mais para mim.

A cada contato, crescia a minha admiração e respeito, não apenas pela figura pública, mas pelo ser humano cheio de caráter e dignidade que é.

Em 2007, com a acusação formal do STF envolvendo o então Deputado reeleito José Genoino percebi que era hora de sair da indignação pelos absurdos envolvendo o caso e, como comunicadora que sou, usar o que tenho de melhor para contribuir no correto entendimento do que está envolvido e de como faltam clareza e justiça nesse processo todo.

Criei este blog para ser um espaço de discussão e clareza sobre os fatos ocorridos. Espero com ele contribuir para que a justiça não seja feita em favor de uns poucos grupos, esses sim detentores do poder no Brasil, mas que seja feita dentro dos seus preceitos de legitimidade e responsabilidade.

Neste blog, trarei informações sobre o Depto José Genoino, sua trajetória de lutas por um país mais justo, suas conquistas que representam conquistas para o Brasil e os menos favorecisos e, acima de tudo, busca mostrar o quão equivocadas e maniqueístas são as acusações que foram feitas a seu respeito.

Por isso o título do blog: Em defesa da verdade e da justiça.

Convido a você para se juntar a mim nessa batalha. Não é apenas a defesa de um homem público, é a defesa do processo democrático do Brasil. É a defesa de um momento histórico no qual as grandes forças de poder do Brasil estão sendo ameaçadas (bendito seja) em prol da construção de um Brasil com oportunidades para todos. É a defesa de um futuro melhor e da justiça que deve pairar sobre todos os povos - clara, correta e sem a salvagarda de uns poucos "donos do poder".

Que seja feita a justiça e que a verdade possa vencer esses interesses centenários de poder e exclusão!

A esquerda e o governo Lula

DIREITA X ESQUERDA IV

A esquerda e o governo Lula


John Kenneth Galbraith defende que "na sociedade justa, ninguém pode ser deixado de fora sem renda – ser condenado à inanição, à falta de teto, de assistência médica ou a privações semelhantes. Isso a economia e a sociedade politicamente organizada, justas e afluentes, não podem permitir. (...) A ninguém, por acidente de nascimento ou por circunstância econômica, podem ser negadas essas coisas; se não puderem ser supridas pelos pais ou pela família, a sociedade deverá proporcionar formas eficazes de cuidado e orientação". Se Bobbio fundamenta e redefine as distinções entre esquerda e direita tendo como parâmetro a concepção de igualdade, é a simplicidade da fórmula de Galbraith que nos orienta no cotidiano da disputa política. Uma noção complementando a outra, cuja síntese dá o sentido contemporâneo do projeto político de esquerda e re-atualiza a nossa utopia.

Podemos dizer, sem hesitar, que o governo Lula se sustenta sobre tal idéia. É nítido, até para a oposição, que toda ação, todo projeto e o conjunto de programas implantados por nosso governo buscam diminuir a desigualdade e a injustiça. O governo tem uma política social clara cuja inflexão é conceber políticas públicas para acabar com a exclusão. É isso que está no cerne do esforço para elevar o poder de compra do salário mínimo.

Da mesma forma, o Bolsa Família foi concebido não como caridade ou como um programa da assistência, mas fundamentalmente como um programa redistribuidor de renda, assim como o Luz para Todos. O Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o ProUni (Programa Universidade Para Todos) são programas cujo esboço também se originou na idéia de diminuir desigualdades.

E, como foi revelado durante o debate para a aprovação da CPMF no ano passado, nunca a União investiu tanto em Saúde, Educação, Saneamento e Moradia. O sucesso desses programas é reconhecido pelas principais instituições e organismos econômicos do mundo e, a cada pesquisa divulgada, fica evidente a mudança dos padrões sociais do Brasil. O aumento expressivo do número de empregos com carteira assinada e a ascensão de vastos setores para a classe C são os exemplos mais recentes, dentre vários que sinalizam esta transformação.

Por outro lado, é necessário levar em conta que esses impressionantes avanços sociais foram obtidos sob os limites de uma estrutura institucional de ordem jurídico-política injusta. Já debatemos, em outros momentos, a necessidade de reformas profundas na institucionalidade do País. No entanto, para além das limitações impostas pela realidade exclusivamente brasileira, também é preciso reconhecer que, se o Brasil avançou socialmente, isso aconteceu sob uma ordem mundial também injusta. O neoliberalismo ainda é hegemônico e as regras e os procedimentos são próprios de uma dominação capitalista-financeira. É uma determinação objetiva o ato de governar buscando a justiça numa ordem fundada na injustiça, realizando mudanças processuais.

Além disso, nosso governo desobstruiu temas e produziu debates e políticas em relação aos direitos que estavam interditados há séculos. A criação de secretarias – com peso político e orçamento – para produzir propostas específicas para mulheres, negros e jovens e o compromisso da transversalidade é o lado institucional de uma concepção avançada sobre os direitos. A política de cotas, o reconhecimento das comunidades quilombolas, o debate atual sobre a demarcação das terras indígenas, o Plano Nacional de Políticas para os GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais), este um evento inédito no mundo, a compreensão do papel da Amazônia, a percepção do Brasil como um país multicultural e multiracial, a valorização da luta contra a ditadura e a recuperação desta memória, fazem parte do ideário da esquerda.

Neste quadro, a imposição de uma agenda social, a inversão das prioridades das políticas públicas no Brasil e a disposição para enfrentar o conservadorismo são mais do que indícios; é um balizamento acerca do caráter de esquerda do governo Lula.

Outra evidência da análise dos projetos e programas implantados nestes últimos seis anos é o antagonismo entre o governo FHC e o governo Lula. O contraste quase polar não está apenas na visão de cada um sobre o papel das políticas públicas. Fundamentalmente, está sintetizado na concepção diametralmente oposta do papel do Estado no desenvolvimento e sua relação com a sociedade. O governo Lula não só estancou o processo de privatizações como revisou a função das estatais, revitalizando o papel estratégico dessas empresas. Prova disto é o posto inédito que a Petrobras ocupa no mundo, cuja atuação determinou uma soberania energética vital na disputa global contemporânea, e a atuação do BNB na mudança radical das condições sociais e econômicas do Nordeste brasileiro.

No entanto, é no PAC que se explicita uma concepção de Estado antineoliberal. O eixo do Programa de Aceleração do Crescimento é o Estado induzindo o desenvolvimento. Seu objetivo essencial não é resolver questões de infra-estrutura e tornar o Brasil um país atrativo para o "mercado". É muito mais do que isso. É um projeto cuja origem é o compromisso de tornar o Brasil um País mais justo, democratizando o investimento do Estado, induzindo as economias regionais, fomentando e subsidiando a incorporação de novos padrões sociais, integrando-o culturalmente. O planejamento macroeconômico do governo Lula é balisado pelo propósito de tornar a sociedade mais justa, tendo como base o desenvolvimento econômico sustentável – fiscal, social e ambientalmente.

Aqui, da mesma forma, a correlação de forças impõe limites. A hegemonia neoliberal no mundo, evidentemente, é refletida internamente. A atual ordem econômica vigente nos condiciona e nos constrange. A política de juros e a manutenção do superávit devem ser entendidas nesta dimensão. Essas não fazem parte do núcleo do programa; são, antes de tudo, condicionantes objetivos do sistema dominante. No entanto, é inquestionável que o papel que o nosso governo destina ao Estado, está indisfarçadamente ancorado numa concepção de esquerda.

O terceiro aspecto é a nova condução que nosso governo está dando à questão internacional, de forma a reposicionar o Brasil em um outro patamar no mundo. Após seis anos, pode-se dizer que estamos numa situação muito mais favorável e nossa relação com os outros países se dá em outro patamar. Ao priorizarmos o eixo Sul/Sul e a integração regional, alteramos substancialmente o conteúdo da política externa brasileira. A subserviência deu lugar a uma ação ativa de disputa, onde o que está em jogo, além de mercados e produtos, são valores.

Se a balança comercial e as questões relacionadas à defesa são dimensões importantes da política externa do governo Lula, essas não estão acima do nosso objetivo de tornar o mundo mais justo e humano. A solidariedade, a democracia e a paz não são elementos derivados. São, antes de tudo, substâncias essenciais que determinam o sentido das nossas relações internacionais. Não foi à toa que em um dos primeiros eventos internacionais dos quais participou, Lula se destacou por apresentar a proposta de criação de um fundo mundial de combate à fome e à pobreza, iniciativa que até hoje é referência mundial. Além disso, nosso governo está construindo políticas para situar o Brasil favoravelmente em questões estratégicas, tais como: matriz energética, recursos hídricos, produção de alimentos e meio-ambiente.

No entanto, a arena internacional também não nos é favorável. O debate envolvendo os biocombustíveis e o etanol, em particular, revela apenas a superfície de uma disputa estratégica, que no fundo são visões distintas sobre o futuro do planeta e das relações humanas que se enfrentam. Mas, não restam dúvidas de que a política externa do governo Lula assenta-se nos pressupostos de uma visão de esquerda.

Como afirmei no debate mencionado no primeiro artigo, "estamos realizando um programa avançado, considerando que estamos agindo dentro da ordem, sem rupturas. Nunca o Brasil, conseguiu, a um só tempo, crescimento com diminuição da pobreza e soberania nas relações internacionais, democracia e recomposição do papel público do Estado, como promotor da cidadania e do crescimento". E se levarmos em conta a crise de perspectivas e de valores que a humanidade enfrenta, os impasses e tragédias gerados pelo neoliberalismo e a desesperança ideológica que está se propagando no mundo, é fácil perceber que o que estamos realizando é, historicamente, decisivo e basilar. Hoje podemos dizer que os brasileiros estão menos desiguais e que o Brasil, após o governo Lula, estará bem mais próximo do nosso ideal de sociedade justa.

Direita x Esquerda no mundo

SÉRIE: DIREITA X ESQUERDA

Direita x Esquerda no mundo


A vitória da direita na Itália torna ainda mais atual o debate sobre a concepção de mundo e de humanidade que separa a esquerda da direita. O resultado da eleição italiana e o que esteve em jogo nela colocam em xeque o equívoco, do qual temos tratado nestes artigos, daqueles que entendem essa polaridade como coisa do passado e que hoje ela é, ou está se tornando, inútil.

Jarbas Passarinho, em artigo publicado dia 15 de abril no Correio Brasiliense, expressa bem esta ilusão. No mesmo dia em que Berlusconi comemorava sua vitória, ele escrevia: "Se antes diferenciadas hermeticamente, (esquerda e direita) vêm se aproximando. Não se combinam, mas seus regimes políticos admitem recíprocas concessões, mais que de estofo emocional. Países adeptos da economia de mercado vieram a ter ministério de planejamento, próprio da economia de comando marxista. As medidas que Marx e Engels propuseram no Manifesto de 1848 existem, hoje, em grande parte dos regimes capitalistas: Imposto de Renda progressivo, educação gratuita, taxação de herança, estatização de empresas e crédito nas mãos do Estado."

No entanto, o antagonismo entre esquerda e direita não se explicita mais tendo como palco principal a economia política. Como já afirmamos no primeiro artigo, em nossa opinião, a linha que separa a direita da esquerda é ainda muito espessa e está relacionada ao entendimento que cada um de nós tem sobre o lugar da igualdade enquanto valor na conquista e na garantia de direitos, na disputa global dos projetos políticos e, até mesmo, na dimensão utópica.

É dessa concepção que vem nossa certeza que vivemos num mundo marcado por uma intensa polarização cultural, ideológica e política, cujo pano de fundo são as identidades diametralmente opostas da direita e da esquerda. O fim da Guerra Fria e mesmo o visível esgotamento da idéia de um mundo unipolar não eliminam essas diferenças. Elas não estão superadas, nem deixaram de existir. Muito pelo contrário! Neste início de século, assistimos ao declínio do neoliberalismo como força global hegemônica. O mundo busca um novo rumo e um novo padrão de relações entre os países os humanos. É neste contexto que a proposta de esquerda está se recolocando como possibilidade real em várias partes do mundo.

Os dilemas são novos e gigantescos, mas não partimos do zero. Apesar das derrotas, dos erros e das decepções, a agenda da esquerda é absolutamente contemporânea. Mesmo que, em alguns casos, o resultado tenha sido o autoritarismo, a esquerda sempre buscou o ideal igualitário. A Comuna de Paris, o anarquismo, o socialismo utópico, o comunismo, a social-democracia... todos foram movimentos que lutaram por igualdade. Como diz Bobbio: "Até mesmo a política de nacionalizações, que por um longo período de tempo caracterizou a política econômica dos partidos socialistas, foi conduzida em nome do ideal igualitário, não no sentido positivo de aumentar a igualdade, mas no sentido negativo de diminuir uma fonte de desigualdade."

O fio que conduz esse renascimento do pensamento de esquerda é a percepção de que a luta por uma sociedade justa é inseparável da luta por igualdade de condições básicas de existência e desfrute dos bens materiais. Para nós, a sociedade justa não se reduz aos aspectos econômicos e de bem-estar, mas agrega também outros valores, como as liberdades políticas e individuais e aqueles relacionados às novas demandas do nosso tempo como o meio ambiente, fontes alternativas de energia, demanda crescente por alimentos, conquistas relacionadas a diversidade cultural, étnica, sexual, a questão dos imigrantes, etc.

Foi na esteira dos erros e das tragédias patrocinados pelo ideal de uma sociedade de homens iguais que a direita construiu a falsa dicotomia entre igualdade e liberdade. No artigo citado, Jarbas Passarinho proclama que "(Esquerda e Direta) são termos antitéticos que dividem as ideologias, no contraste entre as paixões, uma pela igualdade e a outra pela liberdade."

Entretanto, novamente ele se equivoca! Essa simetria é irreal porque igualdade e liberdade são dimensões distintas da existência humana. A primeira sempre será uma relação social e a segunda sempre será a afirmação de um status. Se é igual a alguém. Se é livre, ou não.

Mas, mesmo que, para efeito da disputa política, desconsideremos essa inconsistência, podemos dizer que se a esquerda tem uma trajetória de luta pela igualdade, a direita atua para defender interesses e valores que nada têm de libertários. Pois, para a direita, a liberdade se afirma na vitória do indivíduo sobre o Estado e não como um direito. A propriedade privada é a garantia do indivíduo "livre" e o mercado é a arena para o exercício dessa "liberdade". Em seu nome, Bush justifica sua política truculenta e belicista. E é essa concepção que, hoje, elege Sarkozy e Berlusconi.

Mas a esquerda aprendeu com seus próprios erros e sabe que na disputa política e ideológica atual não basta a propaganda dos valores revolucionários e que a ruptura não é garantia para um mundo mais justo. Hoje, com a fantástica revolução tecnológica e científica que vivemos, com redes virtuais globais congregando todo tipo de interesse e com disparidades sociais gigantescas, não é mais possível pensarmos numa transformação social que não seja processual. É no conteúdo das ações programáticas e os valores que se definem e se preservam o caráter e o alcance da mudança e não na forma da sua conquista.

Esse caminho processualista não dilui a disputa ideológica nem reduz a política a uma técnica. Esvaziar a disputa política de seu sentido estratégico e transformá-la numa engenharia mercadológica é render-se à visão neoliberal. É a gestão se sobrepondo à política. Por outro lado, aqueles que concebem o processo como o fim em si mesmo e a forma da mudança como um imperativo para sua radicalidade acabam perdendo o conteúdo e o sentido da disputa. As posições da ultra-esquerda no Brasil e o voto nulo dos zapatistas - que resultou na vitória da direita mexicana em 2006 – são exemplos dessa rebeldia desprovida de conteúdo.

Por isso, não podemos perder de vista que ao lutarmos por um mundo melhor e mais justo, temos de ter um lado. Dados da ONU de 2005 revelam um mundo injusto, com muita exclusão e privilégios: 20% dos mais ricos no mundo são responsáveis por 86% do consumo global; os 20% mais pobres, por apenas 1%. Uma parcela de 80% do PIB mundial pertence a 1 bilhão de pessoas vivendo no mundo desenvolvido. Os restantes 20% são repartidos por 5 bilhões no mundo emergente.

Por isso, Bobbio mais uma vez tem razão: "Diante dessa realidade, a distinção entre direita e esquerda, para a qual o ideal da igualdade sempre foi a estrela polar a ser contemplada e seguida, é claríssima. Basta deslocar os olhos da questão social interna dos estados singulares, da qual nasceu a esquerda no século passado (XIX), para a questão social internacional para se dar conta de que a esquerda não só não completou seu caminho como mal o começou."

A atualidade do debate Direita x Esquerda no Brasil

SÉRIE: DIREITA X ESQUERDA II

A atualidade do debate Direita x Esquerda no Brasil


No último domingo, a Folha de S.Paulo reproduziu um artigo do diretor de cinema e teatro americano, David Mamet, em que ele, ao contrário de muitos outros, expõe de forma clara e corajosa sua guinada ideológica da esquerda para a direita. Depois de revelar sua nova compreensão de que um país não é "uma sala de aula ensinando valores, mas um mercado" e que o governo não deve interferir na sociedade, conclui que "a direita faz pregações tediosas sobre a fé, a esquerda faz pregações tediosas sobre mudanças".

Foi mais uma demonstração de que o debate sobre o que distingue um projeto de esquerda de um de direita é fundamental para que possamos compreender as profundas mudanças que se passam no mundo e, em particular, no Brasil.

No nosso caso, sua importância também está vinculada ao futuro imediato do país. Estamos vivendo uma experiência inédita: um partido de esquerda, com uma aliança ao centro, faz um governo com prioridades sociais nítidas, melhora profundamente a vida de milhões de pessoas, promove um crescimento econômico sustentável e desloca o Brasil para uma posição de relações soberanas no mundo. E é isto que estará em jogo nas eleições de 2008.

Nesta disputa, junto com os resultados concretos das políticas sociais do governo Lula, o debate sobre o sentido estratégico das ações do governo e o nosso projeto de país é que estarão no centro da mesa. Ou dito de outra forma, se o governo Lula mudou o país e a vida das pessoas, isso aconteceu em função das suas escolhas políticas. E essas escolhas foram determinadas por uma compreensão sobre o papel do Estado e sobre as tarefas de um governo cujo objetivo é a justiça social.

O PT nasceu como um partido de esquerda e socialista. Durante seus 28 anos foram muitas as discussões em torno do caráter do socialismo petista, mas todas estavam baseadas na certeza de que o conteúdo do projeto petista é de esquerda. Essa referência é simbolizada na defesa dos interesses gerais dos trabalhadores. Mas, mais do que isso, sempre fez parte do programa do PT a tarefa de mudar o país, suas instituições econômicas, sociais e políticas visando melhorar e criar novas condições de vida para os desamparados e excluídos, tendo a democracia como elemento indispensável.

A razão de ser de um projeto de esquerda é produzir um país mais justo e uma sociedade menos desigual. Por isso, sempre defendi a idéia de que é a questão da igualdade o foco gerador das diferenças entre um projeto de direita e um de esquerda. Bobbio sintetiza este antagonismo afirmando que "de um lado, estão aqueles que consideram que os homens são mais iguais que desiguais, de outro, aqueles que consideram que são mais desiguais que iguais".

Portanto, se o objetivo de um projeto de esquerda é reduzir as condições que tornam os homens desiguais, o pensamento de direita valoriza as diferenças entre os homens e concebe a desigualdade como um fator que impulsiona a sociedade. Para a esquerda, o Estado serve para promover a justiça social e a igualdade; para a direita, o Estado deve estimular a disputa entre os homens. Para a esquerda, o que vale é o coletivo, a comunidade; para a direita, o que conta é o indivíduo, o consumidor.

Em minha avaliação, é o posicionamento em relação a isso que marca o governo Lula. Isto é, os traços que distinguem nosso governo dos governos anteriores, principalmente do governo FHC, são os mesmos que diferenciam um programa de esquerda de um de direita.

Se a direita que havia sido derrotada com o fim da ditadura representava o estertor da guerra fria e um anticomunismo senil, as forças políticas que se agruparam em torno da eleição de FHC representavam a nova direita, que ansiava em implantar no Brasil o modelo que estava se alastrando pelo mundo capitalista e desenvolvido. O caráter neoliberal do Plano Real estava determinado pelo que ele não continha, pelo que ele não era. Como a preocupação com a estabilidade foi uma imposição, para que o Brasil fosse aceito como parceiro neste mundo neoliberal, e o fim da inflação uma necessidade monetária, o Plano Real era desprovido de qualquer intenção de se fazer justiça social. No melhor dos casos, ela aconteceria naturalmente, como obra da própria estabilidade.

Essa visão se tornou hegemônica no decorrer do governo de Fernando Henrique e produziu condições para a implantação de um processo de desestatização e transferência de renda até então nunca vistos. A nova elite da era tucana foi composta por setores nativos e internacionais que se sustentavam na ideologia das reformas neoliberais e da economia pura de mercado. A tutela aos centros de poder econômicos do mundo (FMI, Banco Mundial etc.) foi aceita em troca de ganhos financeiros que concentravam ainda mais a renda. No entanto, os resultados destes anos foram trágicos, não só do ponto de vista econômico. Ao mesmo tempo em que o Brasil ficou quatro vezes mais endividado, não se produziu nenhuma política social de vulto. O impacto social do governo FHC foi negativo em toda sua extensão.

O relatório do Fundo Monetário Internacional publicado em junho de 2005 fazia um estudo comparativo dos dados dos dois primeiros anos do governo Lula e dos oito de FHC. Interessa aqui, o que o FMI apontava como o resultado dos oito anos de governo FHC: desemprego de 12,2%, salário mínimo na média de US$ 56,50, 35% da população vivendo abaixo da linha de pobreza, uma dívida externa que chegou a 210 bilhões de dólares, risco país de 1.445 pontos. Um fracasso econômico e social!

Também na relação com a sociedade o governo FHC procurou representar os interesses neoliberais e isto significava uma política intolerante frente às demandas sociais, não permitindo greves e criminalizando o movimento sindical e social. A repressão aos petroleiros em 1995 e a atitude frente ao MST são apenas dois exemplos desta política.

A relação do Brasil com o mundo, sob o comando tucano, foi marcada, como era desejo o do mercado, por uma submissão total ao centro de poder financeiro e econômico. O governo FHC aceitou as premissas do Consenso de Washington, se colocou de forma submissa nas negociações que envolviam a ALCA e não se dispunha a ser uma presença ativa na OMC. Desprezou as articulações latino-americanas como o Mercosul e priorizou uma "parceria" servil com os EUA. O Brasil deveria se contentar em ser apenas mais um mercado de alguns milhões de consumidores. Durante o governo FHC, o mercado e a globalização viraram ideologia.

Como venho dizendo, a implantação das políticas neoliberais, no Brasil, teve uma grande resistência por parte dos movimentos sociais e o estrago social só não foi maior porque houve parcelas significativas da sociedade que, sob o comando do PT, buscavam outro caminho.

A eleição de governos de esquerda ou centro-esquerda na América Latina interrompeu a escalada neoliberal no continente, concluindo um movimento que havia se constituído como um verdadeiro contrafluxo político e ideológico. O real significado da eleição de Lula situa-se nesta dimensão, sinalizando que não aceitamos a tutela do mercado, nem a inevitabilidade de um lugar subalterno no mundo.

Direita x Esquerda, hoje

SÉRIE: DIREITA X ESQUERDA - I

Direita x Esquerda, hoje


"Nas últimas eleições presidenciais, nenhum candidato se assumiu como de direita, mesmo sendo". Esta afirmação foi feita por um companheiro num debate de que participei no ano passado. Desde então, tenho pensado nas razões disso.

A ditadura militar no Brasil, como de resto em toda a América Latina, foi implantada e sustentada por forças políticas claramente de direita. Parece claro que após a derrota da ditadura não era adequado, para efeito da disputa política, assumir-se como de direita. O Brasil estava saindo de um dos períodos mais sombrios da sua história recente e identificar-se com ele provavelmente marcaria o partido ou a liderança política de forma irremediavelmente negativa. Nem a Frente Liberal - dissidência do PDS que apoiou a candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, da qual faziam parte políticos como Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e Jorge Bornhausen, por exemplo - não se dizia explicitamente de direita. Portanto, como havia um vínculo forte entre a ditadura militar e direita, é fácil entender os motivos dos partidos políticos e lideranças, no início dos anos 80, não quererem ser identificados como "de direita".

No entanto, é certo que esta identificação entre a direita e a ditadura não é suficiente para explicar o fato de que até hoje nunca nenhum candidato se assumiu ou assumiu defender um programa "de direita".

Então porque, passados mais de 30 anos do fim da ditadura, nenhum partido, corrente de opinião ou liderança política de peso nacional ainda não se assume como tal? Nem mesmo um relativo "estou à direita" ninguém ousa dizer.

Este fato fica, aparentemente, ainda mais confuso, quando se olha para a conjuntura política do mundo, nestes últimos 30 anos. O fim da ditadura no Brasil coincidiu com o período em que a esquerda mundial começava a entrar na defensiva teórica e política. Havia caído o muro de Berlim. A social-democracia européia e seu "estado do bem-estar-social" começavam a sofrer suas primeiras derrotas. Margareth Thatcher, sob os olhares entusiasmados de George Bush (pai), começava implantar o neoliberalismo, com desmonte do Estado através de uma política de privatização jamais vista. O devaneio de Francis Fukuyama, funcionário do Departamento de Estado americano, de que a história havia chegado a seu final era comemorado nos salões da direita conservadora mundo afora e foi imediatamente elevado à categoria de descoberta filosófica por um conjunto de instituições como o Banco Mundial, FMI, entre outros. Hoje, sabe-se que a tese do fim da história é uma tolice teórica e que seu único objetivo foi justificar a implantação de uma política econômica selvagem e concentradora, fundamentando a primazia do mercado sobre o homem. Um produto para aquele momento, segundo Perry Anderson (O fim da História - De Hegel a Fukuyama).

Por isso, o fato de ninguém ousar se assumir como de direita no Brasil, mesmo levando-se em conta o vínculo com a ditadura, pode parecer uma contradição do ponto de vista da disputa hegemônica e ideológica.

Entretanto, pode-se também responsabilizar as características da nossa transição da ditadura para a democracia como um elemento importante desse acanhamento das forças de direita no Brasil. Existem estudos e várias teses sobre as peculiaridades do nosso período de redemocratização e do destacado papel que os movimentos sociais tiveram no nosso desenho institucional pós-ditadura. Tenho afirmado que, no Brasil, o neoliberaslimo enfrentou um movimento social organizado que foi uma verdadeira barreira às intenções de precarização do trabalho. Mesmo a política de privatização não conseguiu avançar como o mercado desejava.

Penso, e por isso fiz esta rápida introdução, que a ausência de candidatos assumidamente direitistas nas eleições presidenciais e o fato de, três décadas depois do fim da ditadura, nenhuma corrente política, com peso nacional, se assumir como de direita, são questões que devem nos levar a uma indagação prévia, porém mais importante e decisiva. Afinal, o que é ser de direita hoje? Ou, para deixar a pergunta ainda mais simples: o que distingue, hoje, a direita da esquerda?

Além do debate sobre este tema ser, por si só, sempre instigante, o fato do PT ser governo há seis anos, dá a ele outra dimensão e redefine o nosso papel. Ao enfrentar a tarefa de implantar um programa para mudar o Brasil, o PT adquiriu uma qualidade de protagonista. Isto é, se antes o PT era uma referência importante para o pensamento de esquerda no mundo, hoje, após seis anos de um governo bem sucedido, ele pode se transformar num pólo aglutinador e, ao mesmo tempo, irradiador de um projeto político de esquerda para o mundo. Portanto, a intenção de debater o que distingue a esquerda da direita está, também, (e quero deixar isto claro) vinculada à certeza de que o nosso governo está implantando no país um programa essencialmente de esquerda.

Por outro lado, a proximidade das eleições municipais e suas repercussões nas eleições de 2010 e na sucessão de Lula tornam ainda mais importante este debate.Em 2006, explicitaram-se dois projetos para o país, principalmente no segundo turno. Entretanto, o verdadeiro debate ficou subjacente, pois Alckmin, em nenhum momento, fez a defesa explícita de seu programa, de forte viés neoliberal. Na tentativa de se afastar do governo FHC ou de não se identificar com sua política de privatização, ele chegou a pousar para fotos com a roupa cheia de adesivos com a logomarca de estatais.

No entanto, poderemos ver, em 2010, novamente a eleição se transformar num palco onde a verdade sobre alguns projetos políticos fique oculta. Pois, em função do sucesso do governo Lula e o forte enraizamento social dos nossos programas (fato comprovado pela pesquisa CNI/IBOPE divulgada em 27 de março, registrando índices de aprovação superiores aos do início do governo), poderemos vir a presenciar um falso consenso sobre a necessidade de continuidade, pelo menos, das bases destes programas. Isto é, a dissimulação política poderá se tornar o comportamento padrão dos nossos adversários.

Na verdade, isso já está acontecendo. Fernando Gabeira, candidato a prefeito do Rio de Janeiro, com apoio do PSDB e do PPS e ferrenho opositor de Lula, promete agora "cooperação total" com o governo que passou a ser "federal". Além disso, afirma que no seu caso a "polarização esquerda e direita está superada". Como bem diagnosticou Maurício Dias, da Revista Carta Capital, "Fernando Gabeira proclamou que esquerda e direita são categorias ultrapassadas. Esse é o último refúgio de quem mudou de lado." (Carta Capital - N.487)

Um pouco das opiniões de Genoíno

Eu acredito realmente que uma pessoa só poder ser conhecida (e reconhecida) de acordo com o equilíbrio que ela conquista na delicada tarefa de "ser de fato" aquilo que diz ser.

Para mim, o que torna a figura do Genoino muito além de um personagem político ou ativista que tanto admiro, é o reconhecimento que tenho dessa coesão entre o homem público e o homem, simplesmente o cidadão, pai de família e sonhador. Um pouco do que todos também buscamos ser em nossas vidas.

Passarei a postar aqui alguns dos artigos que o Genoino disponibiliza no seu site www.genoino.org.br.

Começo com uma série de quatro artigos absolutamente atuais sobre a Esquerda e a Direita hoje.

O caminho de Genoino: da guerrilha para o socialismo reformista no Congresso brasileiro

Artigo escrito por Ted Goertzel
(novembro de 2007)


A vida de José Genoino retrata a trajetória da esquerda brasileira no último meio século. Nascido em uma família pobre, em uma pequena cidade do Ceará, Genoino calçou seu primeiro par de sapatos quando tinha quinze anos. Um padre o ajudou a estudar e a IBM ofereceu a ele a chance de entrar em um programa de trainnes.

Mas Genoino abandonou a religião e a chance de uma carreira corporativa quando se tornou líder em uma resistência estudantil contra a ditadura. Se uniu a uma mal sucedida guerrilha ao longo do rio Araguaia onde foi capturado, aprisionado e torturado.

Quando foi libertado, rompeu com o Partido Comunista do Brasil devido à sua crença de que o partido estava cometendo uma distorção histórica e iludindo seus seguidores ao glorificar os guerrilheiros ao invés de aprender com as suas derrotas.

Banido por seus ex-companheiros, ele se uniu a um grupo dissidente chamado Partido Revolucionário Comunista que funcionava como uma facção Leninista dentro do Partido dos Trabalhadores. Nesta época, ele se opôs à reforma democrática dentro do sistema burguês, para construir uma revolução rumo ao socialismo.

Entre o Sonho e o Poder (Geração, 2006) é um conjunto fascinante de entrevistas realizadas com Genoino por Denise Paraná, escritora mais conhecida pelo livro Lula: O Filho do Brasil. Denise usa habilmente as entrevistas para contar a história de um movimento que fracassou como revolução, mas foi fundamental para as políticas democráticas.

A sua autobiografia foi bem fundamentada por Maria Francisca Pinheiro Coelho em José Genoino: Escolhas Políticas (Centauro, 2007), uma bela biografia investigativa. Maria Francisca detalha a vida de Genoino desde seus dias de estudante radical e guerrilheiro até sua presidência no Partido dos Trabalhadores e na legislatura brasileira.

Ela não tenta, porém, julgar seu alegado envolvimento no escândalo do mensalão, uma questão que ainda está nos tribunais. Ao contrário, permite que ele apresente sua versão dos fatos em suas próprias palavras.

A ruptura com o Partido Comunista não foi a única mudança na vida de Genoino. Em 1989, ele se colocou na direção oposta e rompeu com o Leninismo em muito por conta do colapso “do socialismo real” no socialismo no Leste Europeu.

Ele recorda que ficou profundamente comovido quando assistiu na TV “a cena da Praça da Paz Celestial, os estudantes sendo massacrados cantando a Internacional e a Nona Sinfonia de Beethoven, e os tanques do Estado socialista passando por cima, fiquei a noite inteira sem dormir. Por quê? Porque eu me lembrava dos companheiros que morreram no Araguaia e que, quando morreram, achavam que a China era o referencial.”(de Fernando Portela, Guerra de Guerrilhas no Brasil: A Saga do Araguaia – Ed. Terceiro Nome, 2002, pg.29).

Quando Genoino rompeu com o Leninismo, ele deu uma longa entrevista ao jornalista Mauro Lopes, que foi publicada na Folha de S. Paulo e teve grande repercussão na época. A entrevista foi reproduzida em Repensando o Socialismo (Brasiliense, 1991), que é difícil de ser encontrado atualmente.

Nela, ele enfatiza que a questão da liberdade deve ser colocada como o centro do projeto socialista. Rejeita a ditadura do partido único e afirma que os estados socialistas devem estar abertos a diversos tipos de tipos de propriedades privadas, inclusive as empresariais. Ele desafiou a esquerda a encontrar um modelo no qual a social-democracia européia seja de esquerda e sem comprometer a democracia de direitos.

Mais uma vez, Genoino foi repudiado por muitos de seus companheiros nessa época porque teria passado para “direita” e abandonado a “esquerda”. Como Maria Francisca Pinheiro Coelho observa, “com raras exceções, a esquerda brasileira na verdade se recusou a fazer uma análise crítica dos eventos (no Leste Europeu). Para não entrar em conflito com sua teoria, eles preferiram não aprender com a prática.” (p.31).

Genoino estava no ponto mais delicado de sua vida quando Denise o entrevistou. Ele tinha renunciado de seu cargo na legislatura federal para concorrer à governador de São Paulo e quando perdeu a disputa se tornou presidente do Partido dos Trabalhadores. Mas renunciou à presidência do PT quando foi indiciado no escândalo do mensalão, embora ele negue qualquer infração.

Como presidente do partido, assinou alguns dos empréstimos que foram usados para pagamento de deputados. Ele afirma que esses pagamentos eram de contribuições para a campanha, não suborno. Também foi prejudicado por problemas com um de seus irmãos, mesmo não estando diretamente envolvido com o caso. Ele temeu que sua reputação tivesse sido destruída.

Quando eu o entrevistei no começo deste ano, seu espírito estava recuperado. Ele foi reeleito deputado federal e estava preparando seu retorno à Brasília. O legislativo sempre foi um canal perfeito para seus talentos políticos e de retórica.

O Partido dos Trabalhadores também tem caminhado muito mais nessa direção que ele defende, com um programa nacional que contempla o socialismo, mas sem comprometer a democracia.

Quanto ao Genoino, ele diz “se me perguntarem o que eu sou hoje, responderei: Eu sou um democrata e, depois de ser democrata, eu sou um socialista.”

Marxistas sempre buscam como combinar teoria e prática em suas vidas. Genoino tem feito isso.

Ted Goertzel, é PHD, professor de Sociologia na Rutgers University em Camdem, Nova Jérsei. É autor da biografia de Fernando Henrique Cardoso, disponível em inglês e português. Ele também pode ser contato no e-mail goertzel@camden.rutgers.edu ou goertzel@camden.rutgers.edu e seu clique aqui para visitar seu site.

Tradução: Cilene Marcondes

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